28 julho, 2008

Paul is dead?

Qualquer pessoa que gosta de mensagens subliminares e olha aqueles sites, que dizem que um dos Beatles morreu e esse alguem era Paul Mccartney, e que como a banda não poderia perder fama, e nem parar de ganhar dinheiro, fizeram testes e acharam um sósia. Que fez várias cirurgias para se parecer com o verdadeiro Paul. Afinal é mentira ou não? Muitos sites comprovam que sim, e uns que não. Como todos sabem acho que quem assiste tv, ou gosta de música já viu que tem nas lojas o dvd do Paul M.

Sir James Paul McCartney, MBE (Liverpool, 18 de Junho de 1942), é um cantor, guitarrista, multi-instrumentista, compositor, empresário, produtor musical e cinematográfico e ativista dos direitos dos animais britânico. McCartney alcançou fama mundial como membro da The Beatles, com John Lennon, Ringo Starr e George Harrison. Lennon e McCartney foram uma das mais influentes e bem sucedidas parcerias musicais de todos os tempos, "escrevendo alguma das músicas mais populares da história do rock"[1]. Após a dissolução dos Beatles em 1970, McCartney lançou-se em uma carreira solo de sucessos, formou uma banda com sua primeira mulher Linda McCartney, os Wings. Ele também trabalhou com música clássica, eletrônica e trilhas sonoras.


A "suposta morte de Paul McCartney", também bastante conhecida em inglês como "Paul is dead" ("Paul está morto"), consiste basicamente em boatos de que Paul McCartney, integrante dos Beatles, teria morrido em um acidente em 1966 e sido substituído por um sósia.

Fatos considerados:

Em 1966, logo após o lançamento do álbum Revolver, os Beatles pararam de excursionar em virtude da dificuldade de tocar ao vivo os arranjos cada vez mais complexos e inusitados de suas músicas. Este fato, aliado a um acidente de moto sem maiores conseqüências sofrido por Paul McCartney, deu origem ao surgimento algum tempo depois do maior e mais duradouro boato de todos os tempos: o de que Paul McCartney havia morrido e sido substituído por um sósia.
Centenas de matérias em jornais, especulações de fãs e mesmo livros foram surgindo sustentando a versão da morte de Paul. As pessoas que acreditavam nisto se basearam em centenas de pistas que supostamente haviam sido deixadas de propósito pelos outros Beatles nas letras das músicas, nas capas dos discos e nos filmes posteriores da banda.
Os Beatles sempre negaram qualquer envolvimento ou colaboração com os boatos, mas é possível que tenham visto nisso um meio de promoção e aderido à brincadeira com o decorrer do tempo. Muitas pistas não deixam margens para dúvidas de tão precisas que parecem ser. Propositais ou não, as pistas contribuíram durante algum tempo para melhorar a divulgação e aumentar as venda dos discos dos Beatles.


Paul teria morrido em um acidente de carro às 5 horas da manhã de uma quarta-feira, dia 9 de novembro de 1966. Sofreu esmagamento craniano e/ou foi decapitado ao colidir com outro veículo por não ter observado o sinal do cruzamento fechar, conforme teria sido contado posteriormente na música A Day in the Life: "he blew his mind out in a car... he didn't notice that the lights has changed". No acidente ele teria perdido seu rosto e seus dentes. Em virtude disto, não teria sido possível fazer a identificação do cadáver. Desta forma, os outros Beatles teriam resolvido substituí-lo por um sósia.(tudo isso foi tirado do wikipédia, e um poucos dos sites de mensagens subliminares)


Agora eu pergunto, verdade ou mentira? (:


25 julho, 2008

afraid ...

O medo é um sentimento que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Pavor é a ênfase do medo.
O medo pode provocar reações físicas como descarga de
adrenalina, aceleração cardíaca e tremor. Pode provocar atenção exagerada a tudo que ocorre ao redor, depressão, pânico etc.

O medo é uma reação obtida a partir do contato com algum estímulo físico ou mental (interpretação, imaginação, crença) que gera uma resposta de alerta no organismo. Esta reação inicial dispara uma resposta fisiológica no organismo que libera hormônios do estresse (adrenalina, cortisol) preparando o indivíduo para lutar ou fugir.
A resposta anterior ao medo é conhecida por ansiedade. Na ansiedade o indivíduo teme antecipadamente o encontro com a situação ou objeto que lhe causa medo. Sendo assim, é possível se traçar uma escala de graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor e, o mínimo, uma leve aniedade.
O medo pode se transformar em uma doença (a Fobia) quando passa a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psíquico. A técnica mais utilizada pelos psicólogos para tratar o medo se chama Dessensibilização Sistemática. Com ela se constrói uma escala de medo, da leve ansiedade até o pavor, e, progressivamente, o paciente vai sendo encorajado a enfrentar o medo. Ao fazer isso o paciente passa, gradativamente, por um processo de restruturação cognitiva em que ocorre uma re-aprendizagem, ou ressignificação, da reação que anteriormente gerava a resposta de alerta no organismo para uma reação mais equilibrada.

20 julho, 2008

ódio

O ódio é um sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, rancor profundo, horror, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo. A palavra tem origem no latim odiu. O ódio pode se basear no medo a seu objetivo, já seja justificado ou não. O ódio é descrito com frequência como o contrário do amor, ou a amizade; outros, como Elie Wiesel, consideram a indiferença como o oposto do amor. O ódio não é necessariamente irracional. É razoável odiar pessoas ou organizações que ameaçam ou fazem sofrer. Raiva e Ódio O Ódio é mais profundo que a Raiva. Enquanto a Raiva seria predominantemente uma emoção, o Ódio seria, predominantemente, um sentimento. Paradoxalmente podemos dizer que o ódio é um afeto tão primitivo quanto o amor. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, os quais refletem mais ou menos o narcisismo fisiológico que nos faz pensar sermos muito especiais. Assim como o amor, só odiamos aquilo que nos for muito importante. Não há necessidade de ser-nos muito importantes as coisas pelas quais experimentamos Raiva, entretanto, para odiar é preciso valorizar o objeto odiado. A teoria do Sujeito-Objeto, diadaticamente coloca a idéia de que existem apenas duas coisas em nossa existência, eu, o sujeito e o não-eu, o objeto. E tudo o que sentimos, desde nosso nascimento, são emoções e sentimentos em resposta ao objeto. Para que essa teoria possa ter utilidade é imprescindível entendermos o objeto como tudo aquilo que não é eu, mais precisamente, tudo aquilo que não é minha consciência. Assim sendo teremos os objetos do mundo externo ao sujeito, que são as coisas, os fatos, os acontecimentos, e os objetos internos, que são meus órgãos, minha bioquímica, etc. Posso sentir raiva, e outros sentimentos, em resposta à algum objeto externo (pessoa, trânsito, time de futebol...) ou sentir ansiedade, e outros sentimentos, em resposta à algum objeto interno (hiperteireoidismo, diabetes, TPM, etc...). Mas, de qualquer forma, o mundo objectual (do não eu) só pode ter valor se o sujeito o atribui. Para o sujeito nutrir sentimentos de ódio, é indispensável que atribua ao objeto de seu ódio um valor suficiente para fazê-lo reagir com esse tipo de sentimento. Obviamente, se ignorar o valor do objeto não poderá odiá-lo. Em termos práticos podemos dizer que a raiva, como uma emoção, não implica em mágoa, mas em estresse, e o ódio, como sentimento, implica numa mágoa crônica, numa angústia e frustração. Nenhum dos dois é bom para a saúde; enquanto a raiva, através de seu aspecto agudo e estressante proporciona uma revolução orgânica bastante importante, às vezes suficientemente importante para causar um transtorno físico agudo, do tipo infarte ou derrame (AVC), o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, mais compatível com o câncer, com arteriosclerose, com a diabetes, hipertensão crônica.



Juntos pelo amor, separados pelo medo, redimidos pela esperança.

11 julho, 2008

CACHORRO NEGRO

Jude tinha uma coleção particular.
Tinha desenhos emoldurados dos Sete Anões na parede do estúdio, entre seus discos de platina. John Wayne Gacy, o “Palhaço Assassino”, fizera os esboços quando estava na cadeia e os mandara para ele. Gacy gostava da Disney dos anos dourados quase tanto quanto gostava de molestar crianças pequenas, quase tanto quanto gostava dos discos de Jude.
Jude tinha o crânio de um camponês do século XVI, que fora perfurado para os demônios saírem. Guardava um monte de canetas enfiadas no buraco no centro do crânio.
Tinha uma confissão de 300 anos atrás assinada por uma feiticeira. “Eu realmente falava com um cachorro negro que dizia que envenenaria as vacas, enlouqueceria os cavalos e adoeceria as crianças se eu o deixasse ficar com a minha alma. E eu disse que sim e depois lhe dei o seio para chupar.” Ela foi queimada viva.
Tinha um laço duro e gasto que fora usado para enforcar um homem na Inglaterra, na virada do século, o tabuleiro de xadrez de infância do mago Aleister Crowley e uma fita snuff (fita de vídeo que mostra uma cena real de assassinato). De todas as peças da coleção, esta ultima era a que lhe causava mais incômodo. Chegara as suas mãos por meio de um policial, um homem que havia trabalhado na segurança de alguns shows em Los Angeles. O tira dissera que o vídeo era mórbido. Tinha dito isso com um certo entusiasmo. Jude assistiu o vídeo e viu que ele tinha razão. Era mórbido. De um modo indireto, aliás, a fita ajudara a apressar o fim do seu casamento. Mais ainda não a jogara fora.
Muitos objetos de sua coleção particular do grotesco e do bizarro eram presentes enviados pelos fãs. Na realidade era raro ele próprio comprar alguma coisa para a coleção. Mas quando Danny Wooten, seu assistente particular, disse que havia um fantasma à venda na internet e perguntou se ele não queria comprar, Jude não pensou duas vezes. Era como sair para almoçar, ver o prato do dia e decidir que queria aquilo sem dar sequer uma olhada no cardápio. Certos impulsos não exigiam reflexão.
A sala de Danny ocupava um anexo relativamente novo da propriedade de Jude. Saía da ponta nordeste da casa de fazenda de 110 anos. Com controle climático, móveis de escritório e carpete cor de café com leite, a sala era friamente impessoal, não tinha nada a ver com o resto da casa. Seria como uma sala de espera de dentista, não fosse pelos cartazes de shows de rock em molduras de aço inox. Num deles a pessoa via um jarro abarrotado de globos oculares olhando fixamente para ela, com um emaranhado de nervos sangrentos saindo de trás deles. Era o pôster da turnê de Todos os olhares sobre você.
Assim que o anexo ficou pronto, Jude se arrependeu de ter mandado construí-lo. Não queria dirigir 45 minutos de Piecliff até uma sala alugada em Poughkeepsie para tratar de seus negócios, mas provavelmente isso teria sido melhor do que ter Danny Wooten dentro de casa. Danny e o trabalho de Danny tinham ficado próximos demais. Quando Jude estava na cozinha, podia ouvir os telefones tocando no escritório, às vezes ambas as linhas disparando ao mesmo tempo, e achava o som enlouquecedor. Há anos não gravava um disco, quase não tinhatrabalhado desde que Jerome e Dizzy haviam morrido (e a banda com eles), mas os telefones continuavam tocando sem parar. Ele se sentia sufocado pelo contínuo desfile de gente disputando seu tempo e pelo interminável acúmulo de demandas legais e profissionais, acordos e contratos, promoções e apresentações, o trabalho da Judas Coyne Ltda. nunca pronto, sempre em curso.Quando estava em casa, Jude queria ser ele próprio, não uma marca registrada.
De forma geral, Danny não se metia no restante da casa. Fossem quais fossem seus defeitos, respeitava o espaço privativo de Jude. Mas sempre que ele dava uma incerta no escritório — algo que Jude fazia, sem grande satisfação, quatro ou cinco vezes por dia — Danny o abordava imediatamente. Passar pelo escritório era o caminho mais rápido para chegar até o celeiro e o canil. Poderia evitar o assistente saindo pela porta da frente e circundando a casa, mas ele se recusava a se mover furtivamente ao redor da própria casa só para evitar Danny Wooten.
Além disso, não parecia possível que Danny sempre tivesse alguma coisa com que aborrecê-lo. Mas ele sempre tinha. E se não tivesse algo que exigisse atenção imediata, ia querer bater papo. Danny era do sul da Califórnia e sua conversa não tinha fim. Era capaz de recomendar a pessoas que nunca vira antes os benefícios de consumir braquiária, que incluíam deixar os movimentos dos intestinos com um aroma de grama recentemente cortada.

Tinha 30 anos, mas podia falar de skate e de PlayStation com o entregador de pizza como se tivesse 14. Danny desabafava com os homens que vinham consertar o ar-condicionado, contava como a irmã tomara uma overdose de heroína na adolescência e que fora ele quem encontrara, ainda rapaz, o corpo de sua mãe depois que ela se matou. Era impossível deixar Danny sem jeito. Ele ignorava o que era timidez.
Jude estava voltando para dentro depois de alimentar Angus e Bon e passava pelo meio da área de tiro de Danny (achando que talvez conseguisse cruzar ileso o escritório) quando oassistente disse:
— Ei, chefe, dê uma olhada nisto.
Danny iniciava quase todo pedido com aquelas palavras. Uma frase que Jude aprendera a temer e da qual já se ressentia, um prelúdio a meia hora de tempo perdido preenchendo formulários, lendo faxes, etc. Então Danny lhe disse que alguém estava vendendo um fantasma, e Jude esqueceu a má vontade. Contornou a escrivaninha para poder dar uma olhada, sobre o ombro do assistente, na tela do computador.
Danny tinha descoberto o fantasma num site de leilões on-line, não o eBay, mas um de seus clones menores. Jude correu o olhar pela descrição do item enquanto o assistente lia em voz alta. Danny cortaria a comida no prato para o chefe se ele deixasse. Tinha uma postura de subserviência que Jude, francamente, achava revoltante num homem.
— "Compre o fantasma do meu padrasto" — Danny leu. — "Seis semanas atrás, meu padrasto, já idoso, morreu de forma súbita. Na época, estava hospedado conosco. Não tinha sua própria casa e costumava passar temporadas com diversos parentes, ficando um mês ou dois em determinado local antes de seguir adiante. Todos ficaram chocados com seu falecimento, especialmente minha filha, que tinha muita intimidade com ele. Ninguém poderia imaginar. Foi
um homem ativo até o final da vida. Nunca sentava na frente da TV. Todo dia tomava um copo de suco de laranja. Tinha todos os dentes."
— Isso só pode ser piada — disse Jude.
— Acho que não - disse Danny. E continuou: — "Dois dias após seu funeral, minha filha o viu sentado no quarto de hóspedes, que fica bem na frente do quarto dela. Depois disso, a menina não quis mais ficar sozinha em seu quarto nem mesmo ir para o andar de cima. Expliquei que o avô jamais iria machucá-la, mas ela disse que estava com medo dos olhos dele. Disse que estavam cheios de traços negros e não eram mais para ver. Desde então ela tem dormido comigo.
"A princípio achei que fosse apenas uma história assustadora que ela estivesse contando para si mesma, mas não é só isso. O quarto de hóspedes está sempre gelado. Dei uma sondada por lá e reparei que o frio era maior no armário onde o paletó do meu padrasto estava pendurado. Ele queria ser enterrado com aquele paletó, mas quando o vestimos na casa funerária, não caiu bem. As pessoas encolhem um pouco quando morrem. A água que existe nelas seca. Uma vez que seu melhor paletó tinha ficado grande demais, deixamos que a casa funerária nos convencesse a comprar um dos que ela vendia. Não sei por que dei ouvidos a eles.
"Na noite seguinte, acordei e ouvi meu padrasto caminhando no andar de cima. A cama no quarto dele não parava arrumada e a toda hora a porta abria e batia. A gata também não queria ir para o outro andar e, às vezes, se sentava no pé da escada observando coisas que não conseguíamos ver. Ficava algum tempo olhando fixamente, depois miava como se alguém tivesse pisado em sua cauda e saía correndo.
"Meu padrasto foi espírita a vida toda e creio que só está aqui para ensinar à minha filha que a morte não é o fim. Mas ela tem 11 anos e precisa ter uma vida normal, dormindo em seu próprio quarto, não no meu. A única saída que vejo é tentar encontrar outra casa para o papai, e o mundo está cheio de gente que quer acreditar na vida após a morte. Bem, eu tenho a prova bem aqui.
"Vou 'vender' o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto. É claro que uma alma não pode de fato ser vendida, mas creio que ele irá para sua casa e ficará ao seu lado se você estender o capacho de boas-vindas. Como já disse, quando ele morreu, só estava conosco temporariamente e não tinha um lugar que pudesse chamar de seu, portanto tenho certeza de que irá para onde for bem acolhido. Não fique achando que isso é um truque ou uma piada e que vou pegar o dinheiro mas não lhe mandarei nada. A oferta vencedora receberá algo sólido por seu investimento. Vou enviar o paletó preferido do meu padrasto. Acredito que, se o espírito dele
está ligado a alguma coisa, só pode ser a isso.
"É um belo paletó, bastante antiquado, confeccionado pela Great Western Tai-loring. Tem elegantes listras finas prateadas", blablablá, "forro de cetim", blablablá...
Danny parou de ler e apontou para a tela.
— Dê uma olhada nas medidas, chefe. É exatamente o seu tamanho. O lance mais alto até agora é de 80 dólares. Se quer ser mesmo dono de um fantasma, de repente ele pode ser seu por apenas 100 paus.
— Vamos comprar - disse Jude.
— Sério? Faço uma oferta de 100 dólares?
Jude apertou os olhos, espreitando alguma coisa na tela, logo abaixo da descrição do item. Era um botão que dizia SEU AGORA: US$ 1.000. E embaixo: Clique para comprar e encerre imediatamente o leilão! Ele pôs o dedo no botão e bateu no monitor.
— Vamos logo oferecer 1.000 pratas e fechar o negócio - disse.
Danny girou na cadeira. Deu um grande sorriso e ergueu as sobrancelhas. Ele tinha sobrancelhas altas, arqueadas, como as do Jack Nicholson, que usava para efeitos dramáticos. Talvez esperasse uma explicação, mas Jude não tinha certeza se poderia explicar, sequer para si mesmo, por que parecera tão razoável pagar 1.000 dólares por um paletó velho que provavelmente não valeria a quinta parte disso.
Depois Jude achou que aquilo poderia ser bom em termos de publicidade: Judas Coyne compra um poltergeist. Os fãs devoravam histórias do gênero. Mas isso foi depois. Naquele momento, ele só sabia que queria ser o homem que comprou o fantasma.
Jude pôs-se a caminho, pensando em dar uma subida para ver se Geórgia já estava vestida. Tinha pedido há meia hora que ela se vestisse, mas esperava encontrá-la ainda na cama. Tinha a impressão de que era onde Geórgia pretendia ficar até conseguir a briga que estava procurando. Estaria sentada só com a roupa de baixo, pintando cuidadosamente de preto as unhas dos pés. Ou estaria com o lap-top aberto, navegando por sites de acessórios góticos, procurando o brinco perfeito para espetar na língua, como se precisasse de mais algum maldito... E então a idéia de navegar na internet fez Jude se deter, curioso para descobrir uma coisa.
Tornou a se virar para Danny.
— Afinal de contas, como foi que você esbarrou nisso? - ele perguntou, acenando com a cabeça para o computador.
— Recebemos um e-mail sobre o assunto.
— De quem?
— Do site dos leilões. Eles nos mandaram uma mensagem que dizia: "Vimos que você já comprou itens como este e achamos que ficaria interessado."
— Já compramos algo assim?
— Objetos de ocultismo, eu presumo.
— Nunca comprei nada nesse site.
— Talvez tenha comprado e simplesmente não se lembre. Talvez eu tenha comprado alguma coisa para você.
— Porra de ácido - disse Jude. — Antigamente eu tinha uma boa memória. Fui do clube de xadrez nos primeiros anos do ginásio.
— Foi mesmo? É uma coisa realmente incrível.
— O quê? A idéia de que fui do clube de xadrez?
— Acho que sim. Parece tão... cabeça.
— É. Mas eu usava dedos cortados como peças.
Danny riu - com um certo exagero, sacudindo o corpo e enxugando lágrimas imaginárias nos cantos dos olhos. Puxa-saco imbecil.
Continua... Extraído de “A estrada da Noite” de Joe Hill